domingo, 28 de abril de 2013

Depressão,mal do século 21

"A depressão é um problema de saúde pública, e será o mal do século 21, juntamente com a síndrome do pânico".Os números da depressão são mesmo alarmantes: embora não se tenha um cálculo exato, estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra da doença, sem saber.
Quimicamente, a depressão é causada por um defeito nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e endorfina, que nos dão a sensação de conforto, prazer e bem-estar. Quando há algum problema nesses neurotransmissores, a pessoa começa a apresentar sintomas como desânimo, tristeza, autoflagelação, perda do interesse sexual, falta de energia para atividades simples.
Em geral, em algum momento de suas vidas, uma em cada cinco pessoas experimentará pelo menos um episódio depressivo.
A depressão afeta todas as faixas etárias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula-se que há mais de cem milhões de pessoas deprimidas no mundo.
Conforme Cembrowick e Kingham (IBIDEM, p. 26 e 27) existem alguns tipos de depressão, tais como:
  1. Primaria e secundária: primária significa que a doença se desenvolveu por si só, secundária é quando a depressão é causada por outra doença.
  2. Depressão neurótica e depressão psicótica: a neurótica significa que não importa o quanto está doente a pessoa está sempre em contato com a realidade, já a psicótica a pessoa perde o contato com a realidade, ou suas crenças podem variar da normalidade do individuo.
  3. Depressão endógena e exógena: essa terminologia é pouco usada, mas endógena refere-se à depressão que vem de dentro, sem uma causa obvia, já a exógena quando a doença aparece em função de um evento estressante, como morte de um ente.
  4. Transtorno afetivo unipolar e bipolar: depressão unipolar significa uma doença depressiva que aconteceu em uma pessoa que experimenta tanto o humor normal como o deprimido. Bipolar por outro lado a pessoa experimenta em diferentes momentos humor normal, deprimido e alto ou alvoroçado.
A Classificação Internacional das Doenças, da Organização Mundial da Saúde, em sua décima revisão, a CID-10, classifica a depressão da seguinte forma:
F32: Episódios Depressivos: O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado ou grave. Os episódios leves e moderados podem ser classificados de acordo com a presença ou ausência de sintomas somáticos. Os episódios depressivos graves são subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos.
F33: Transtorno Depressivo Recorrente: Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos na ausência de todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (manias), comporta breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo. Essa classificação tem as mesmas subdivisões descritas para o episódio depressivo.

1.1 Sintomas:

Os sintomas da depressão são vários, sendo eles:
  • Estado de imensa tristeza: Surge o choro e sentimento de desespero, às vezes sem motivo.
  • Ausência de alegria em qualquer atividade. Sem motivações para nada.
  • Perda ou ganho de apetite e peso: Não apetite nem mesmo diante de comidas deliciosas. Em alguns casos, o paciente possui excesso de apetite ou aumento de apetite quase todos os dias.
  • Alterações do sono: A insônia é mais frequente, embora às vezes na depressão há um excesso de sono.
  • Lentidão ou agitação nos movimentos: Caminha ou fala de maneira vagarosa ou manifesta sensação de inquietação.
  • Fadiga ou perda de energia: sensação de fraqueza física, com semblante abatido.
  • Sentimentos negativos para consigo mesmo. Falta de autoconfiança.
  • Sentimento de culpa: Senso de culpa por coisas sem importância e sensação de fracasso.
  • Limitações na capacidade mental: lentidão no pensamento, diminuição da atenção e concentração.
  • Ideias e intenções de suicídio: Pensamento da morte como fuga, podendo planejar, tentar ou até mesmo cometer o suicídio.

1.2 Causas:

Segundo Melgosa (2009) ainda não se sabe ao certo como a depressão é causada, no entanto há muitos componentes como a vulnerabilidade genética, (Se uma pessoa tem depressão, as chances de um parente próximo de ter aumentam em 20%. Nos casos de gêmeos idênticos essa estatística aumenta para 70%); eventos do cotidiano quando ocorrem situações estressantes, como assaltos ou de perda de ente querido; doenças físicas, tais como esclerose múltipla, derrame, hepatite, apnéia do sono, hipertensão, doenças terminais também são determinantes. Assim como algumas drogas como a cortisona, anfetaminas, pílulas anticoncepcionais, quimioterapia, álcool, maconha etc. Estas uma vez instaladas há mecanismos bioquímicos, psicológicos e sociológicos que infamam ou perpetuam a doença.

1.3 O Que Ocorre?

Há algumas pessoas que detestam a solidão, sensação de abandono e infelicidade; dependendo do estado de espírito, pode produzir melancolia e medo. Sentimento de impotência perante as situações e sentimento de perda são as causas mais frequentes e marcantes da depressão. Tudo isso depende da escala de valores que atribuímos às coisas. Se perdermos algo que consideramos essencial ou importante, podemos manifestar ou não a depressão.
No entanto, ainda existem algumas pessoas consideram a depressão “frescura”, mas a verdade é que esses comportamentos de desânimo, fadiga, não é falta de atitude, mas sim um mau funcionamento metal. Segundo CEMBROWICK e KINGHAM (2003), as alterações no sistema límbico (hipotálamo, hipocampo, amígdala, tálamo, giro do cíngulo e os núcleos basais) tem-se mostrado importante, neurocientistas afirmam que se a função do sistema límbico está aumentada resulta em uma inapropriada exaltação de humor ou manias, se sua função está diminuída resulta na depressão, e se ainda suas funções estiverem defeituosas pode resultar numa psicose.
O humor e seus transtornos estão relacionados às funções cerebrais, assim uma pessoa estressada mostra alterações em sua química corporal e cerebral. O hipotálamo e a glândula hipófise controlam a resposta corporal ao estresse, seja aumentando ou diminuindo seus débitos de hormônios cerebrais. O aumento de um dos hormônios, mas especificamente o CRF – fator liberador de corticotrofina, causa uma liberação do hormônio liberador de corticotrofina.
Essa substancia em si estimula a produção de uma substancia que estimula a produção de esteróides e cortisol pela glândula hipófise, esse aumento dos esteróides afeta os neurotransmissores (monoaminas, noradrenalina e serotonina) que após algum tempo causa algumas reações depressivas como falta de apetite, sono, entre outros.

1.4 Prevenção:

  • Busque suficiente apoio social: Geralmente há pouca frequência da depressão em círculos em que há fortes laços de relacionamento conjugal, familiar, trabalho ou amizades.
  • Mantenha uma vida ativa: Ocupe-se de tarefas que causem satisfação e que sejam produtivas e edificantes. Pratique esportes ou exercício físico aeróbico.
  • Pense corretamente: Evite analise negativa das situações.
  • Olhe para o passado com prudência: o passado pode ser fonte de depressão e também de bem-estar emocional, alegre-se com os tempos e acontecimentos felizes.

1.5 Como Curar a Depressão?

A maioria das doenças depressivas vai melhorar com o tempo, com ou sem tratamento, no entanto algumas formas de tratamento têm o papel muito importante por ajudar a reduzir o desagrado da doença e acelerar a recuperação, tais como: a Farmacologia e a psicoterapia.(CEMBROWICK e KINGHAM, 2003)
 Na maioria dos casos é indicado tratamento farmacológico inicial prescrito por um médico ou psiquiatra, simultâneo de um plano de intervenção psicológica, bem como alguns hábitos cotidianos, como a alimentação, que prepara a pessoa a sair da depressão e evitar seu retorno.

1.5.1 Produtos Psicofarmacos: os Antidepressivos

Os medicamentos antidepressivos são uma eficiente forma de alivio da dor psíquica e tendência ao suicídio, atuando sobre a química cerebral para equilibrar a atividade dos neurotransmissores no cérebro, aliviando os sintomas da depressão e fortalecendo os efeitos da psicoterapia.
A eficácia dos antidepressivos foi comprovada por milhares de ensaios controlados com placebos. No entanto, às vezes é preciso submeter o paciente a muitos tipos de medicamentos até encontrar o mais indicado para os resultados, sendo que os medicamentos antidepressivos podem produzir efeitos secundários de variada intensidade como: problemas na sexualidade, alterações cardiovasculares, sonolência ou insônia, visão turva, nervosismo, prisão de ventre, aumento ou perda de peso e secura na boca, porém hoje em dia os medicamentos mais novos têm sido trabalhados a fim de amenizar os efeitos colaterais.
Os principais tipos de antidepressivos conforme Cembrowick e Kingham (2003, p. 99 e 100)
  1. Antidepressivos tricíclicos (TCAs): são usados também em transtornos fóbicos e obssessivocompulsivo.
    São eles: amitriptilina, amoxapina, doxepina, nortriptilina etc.
  2. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs): podem causar náuseas e aumentar os sintomas de ansiedade.
    São eles: citalopram, sertralina, paroxetina fluoxetina etc.
  3. Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs): são os primeiros que foram desenvolvidos e ainda são muito eficazes.
    São eles: fenelzina, moclobemida, tranilcipromina.
E ainda existem os inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina (NARIs), os antidepressivos seletivos da noradrenalina e serotonina (NASSAs) e os antagonistas da 5-hidroxitriptamina (5-HT).

1.5.2 Remédios Naturais:

Os psicofarmacos não substituem a necessidade de seguir uma dieta saudável e de abster de qualquer tipo de droga, por agredirem ainda mais o sistema nervoso, bem como a prática de exercícios físicos que tem se mostrado eficaz.
Em geral as pessoas deprimidas tendem a consumir os doces e gorduras saturadas, e estes podem agravar ainda mais o quadro depressivo. Por isso torna-se de suma importância durante o processo de tratamento utilizar-se de alguns alimentos que são benéficos para o processo de restauração.
Conforme Ferrer (2009) os alimentos apropriados para depressão são: Aveia, Gérmem de trigo, Grão-de-bico, Amêndoa nozes, Castanha de caju, Vitaminas B1, B6 e C que atuam diretamente no sistema nervoso estabilizando-o e outros.  Os alimentos que devem ser reduzidos ou eliminados são: Bolos, Chocolates, Açúcar branco, Bebidas estimulantes (café, chá preto, bebidas alcoólicas e outros).
Há estudos que mostram o efeito positivo de alguns remédios fitoterápicos como o hibérnico, erva de são – João e tília.

1.5.3 Psicoterapia:

Os medicamentos antidepressivos aliviam os sintomas da depressão, no entanto não curam a doença. As eliminações dos agentes que causam o estresse e a mudança de atitude e conduta através da ajuda psicoterápica podem contribuir para a cura até o ponto de os medicamentos não serem mais necessários.
Psicoterapia é o tratamento através da fala, existem varias abordagens que trabalham de formas diferentes, mas a que, conforme estudos, trás mais resultados é a cognitivo comportamental, por enfocar um ou dois sintomas, assim os resultados são mais facilmente avaliados (CEMBROWICK E KINGHAM, 2003, p. 116).  Na psicoterapia em geral, a taxa de recuperação após o tratamento é de 65%. A boa terapia deve sem duvidas acelerar o processo de cura.

Conclusão

A depressão é uma doença que afeta toda a vida do individuo, tanto psicologicamente quanto fisicamente, emocionalmente e socialmente. E para o bem, hoje já existem muitas formas eficazes de tratamento, como os fármacos e a terapia, que são essenciais no processo de cura, e é claro um estilo de vida saudável, que tanto pode evitar como ser um agente positivo durante o processo de cura.

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