Existe um mundo onde não chove nem faz frio ou
calor. Ou até chove, mas só se o dono assim o quiser e o programa permitir. É
um mundo onde os sorriso são feitos de letras e o que somos pode ser
sintetizado em um apelido. Um mundo fascinante, rico, cheio de pessoas e de
histórias. Mas que não é outro mundo. Ele não pode (ou não deveria) substituir
um outro lugar, mais antigo, chamado mundo real.
A Internet é uma gigantesca mão de roda. Ela veio para encurtar as
distâncias, democratizar o acesso à informação e uma penca de coisas boas, que
estamos sempre destacando. Mas, para algumas pessoas, a rede assumiu um papel
polêmico. Passou a ser o princípio e o fim do dia-a-dia de gente que não
consegue imaginar a vida longe de um monitor e de um modem.
"Jamais conseguiria viver sem a Internet nos últimos tempos.
Aqui é onde encontro soluções para todos os meus problemas e também é onde
tenho a maior parte dos meus amigos que estão espalhados por esse mundo de meu
Deus. Sinceramente eu, sem a Internet, não seria mais nada, perderia por completo
a minha personalidade". O depoimento da internauta Adriana, sincero e
assustador, foi uma resposta à questão "Você sobreviveria sem a Internet
hoje em dia?", proposta no Fórum da Internet.Br. Por que isso acontece?
Freud Explica
A psicóloga Márcia Homem de Mello, do site Psy_Coterapeutas On
Line, atribui esta paixão pela sede de conhecimento do Ser Humano, que pode ser
saciada - e estimulada - pela Internet. "As pessoas podem conhecer e
conversar com outras que elas nunca viram, sem pré-conceitos e sem
preconceitos. É tudo estimulado, em parte, pela fantasia que cada um
cria", conta.
Mas Márcia trata de retirar da Rede a alcunha de vilã: "Todos
falam muito em vício da Internet, mas muita gente se esquece de que, se não
existisse esse meio, os indivíduos que se tornaram viciados nele com certeza
estariam procurando outra coisa para colocar no lugar".
Para muitas pessoas a timidez é o impulso para substituir o mundo
real pelo virtual. "Acredito que a Internet me ajuda muito a expressar
minha opinião; vejo que as pessoas se interessam por ela, muitas vezes. É bom
para a auto estima, você é valorizado, mesmo que através de uma tela",
conta Fabiana (nome fictício), internauta de Niterói, RJ, que fica cerca de
quatro horas por dia ligada à Rede. Quatro horas é muito? "Como vou saber
se eu sou viciado em Internet?", você pode estar se perguntando... Vamos
falar mais sobre isso.
Quando
o Hobby vira Vício?
Fabiana, que se considera uma fanática pela Rede, percebeu que
estava se envolvendo demais com a Internet quando passou a ligar o computador e
precisava conectar para encontrar alguém e não conseguia mais responder os
e-mails sem estar conectado. E quando não se consegue um computador para
acessar? Qual a sensação? "Ansiedade... Vontade de saber se alguém te
escreveu, ou como estão seus amigos... é como se faltasse algo, nem que seja
por dez minutos, mas preciso falar com os amigos, ler e-mails etc.", narra
Fabiana.
A psicóloga Márcia de Mello explica que podemos considerar que o
lazer foi longe demais quando se deixa de realizar compromissos por causa dele,
quando não se contenta com a vida que tem, a não ser que o indivíduo esteja
diante de um computador. E mais: " Quando, para tudo na vida, precisa-se
passar antes pelo computador e quando se deixa de conhecer pessoas no real para
só encontrá-las pela Internet".
Realmente, todo esse papo de mundo real e virtual é muito confuso.
Afinal, tudo é real. Ou não? Sérgio 9nome fictício), de Belo Horizonte, MG,
está decidido a abandonar a Internet.
Aposentando
a Rede
"Enquanto mergulhava cada vez mais no computador, meus amigos
foram se afastando aos poucos. Uma vez, minha mãe, que não conseguia dormir por
causa dos barulhos que eu fazia de madrugada em casa, chegou perto de mim.
Mostrei a ela a cidade que eu e muitos amigos virtuais construímos no Active
Worlds. Ela me perguntou se ñ estava me afastando do mundo real. Disse que não.
Estava certo, não estava me afastando do mundo real. Já tinha me afastado.
Vivia em um mundo virtual, dando pouca importância para quem estava ao meu lado
de verdade", conta Sérgio, de 23 anos, que ficava na Internet cerca de
três horas por dia durante a semana, oito horas aos sábados e mais seis aos
domingos.
Sérgio decidiu largar a Rede no início de fevereiro último, quando
"aconteceu algo que me fez repensar a vida que estava levando, ou seja, de
viciado em Internet". Sua navegação agora se resume a checar o e-mail,
esporadicamente, ler o "Minas Gerais" na Rede e a comprar um CD que
não encontre nas lojas, mas isso só porque ainda paga o provedor. "Mas em
breve abandonarei de vez", ameaça.
Márcia Mello reforça a idéia de que, se não fosse a Internet,
seria outra a válvula de escape do viciado. "Qualquer tipo de vício pode
ser trabalhado psicologicamente. É um sinal que o indivíduo dá de que algo não
está lhe satisfazendo, algo lhe falta e que é preciso completar com o
'vício'".
Roberto Cassano surfa desde os tempos em que provedores de acesso
eram um sonho distante, mas entre dormir e virar a noite num donwload ele não
pensa duas vezes: pula na cama.
A Sedução dos Chips
Depoimento de Ana
Beatriz, mãe de Marcelo, jovem carioca que deixou a paixão pelos computadores
ir longe demais.
"Meu filho é inteligente, gentil. O respeito
aos mais velhos sempre fez parte de sua personalidade. Antes, ele era
estudioso, trabalhava, praticava esportes e dormia em horários normais, no
máximo meia-noite. Nos finais de semana ia a festas, passeava com a noiva, viajava,
enfim, fazia tudo o que a maioria dos jovens faz, trocando almoço por
lanchonete mas sempre responsável com todos os seus deveres e compromissos.
Um dia percebi que as coisas estavam diferentes. Ele já não
agüentava acordar no horário certo para trabalhar. Se conseguia levantar a
tempo, corria para o computador e já saía atrasado. Voltava cedo para casa
depois da faculdade e corria para o micro. O pior é que, agora, ele chega ao
ponto de nem sair para se encontrar com a noiva nos finais de semana. Se ela
chega, é recebida com festas, mas logo fica num canto, "trocada" pelo
computador.
E o interessante é que não é somente a Internet que o está
seduzindo. É todo o universo relacionado aos computadores. Marcelo não fica
muito em salas de chat, só no ICQ, onde tem sempre um colega que vai falar da
placa nova que instalou, do HD que queimou ou sites novos que visitou. Ele se
afastou dos amigos de carne-e-osso, dos amigos de vizinhança que cresceram com
ele.
Agora Marcelo dorme às 6h da manhã e acorda somente por volta das
15h. E, por causa do horário, já não sabe se janta, se almoça, se toma o café
da manhã, porque, certamente, vai passar a noite no computador. E, quando
chegar a hora de dormir novamente, já terão se passado 15 horas seguidas, sem
um esforço físico, sem caminhadas, sem fazer o sangue circular, sem alongar a
coluna, sem desgrudar do monitor.
Quando os pais reclama, ele diz prontamente que se for pelo pulso
do telefone, de meia-noite às cinco da manhã é um pulso só. Mas não é pelo
pulso do telefone, é pelo impulso da lógica!
Estou escrevendo para vocês meio que perdida, pensando em quantos
jovens estão levando essa mesma vida, que sabemos, mesmo sem entender de
medicina, que nada tem de saudável."
Que shooow teu blog negrinhaaaa!!!!! Adorei!!! Bjsss .. vou visitar seguido viu?? rsrsrss :0)
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